O Rio de Janeiro e seus prédios escolares públicos - Pág. 04
Maurício Thomaz de Araújo

Nas últimas décadas do século XIX outras escolas seriam inauguradas. Mas, a maioria dos prédios eram simples e adaptados. Somente no início do século XX, entre os governos de Pereira Passos e Inocência Serzedello Correia, uma nova onda de construção de prédios escolares suntuosos voltaria à cena na região urbana do Distrito Federal. A ideia de progresso e higiene social cada vez mais impregnava os discursos. A pressão por um investimento mais sistemático em educação era justificada pelo atraso brasileiro diante das nações prósperas. Discutia-se o problema do analfabetismo frente ao trabalho industrial e à restrição eleitoral. Neste período várias escolas profissionais foram inauguradas.

Mas, enquanto o Estado apresentava a educação como bandeira civilizadora, as crianças das classes populares tinham suas infâncias violentadas pelo trabalho infantil. O movimento anarquista, bastante forte nas primeiras décadas do século XX, concorreria com o Estado e a Igreja no quesito educa¬ção. Várias escolas libertárias se espalharam por todo Brasil. Em 1904, no Rio de Janeiro foi inaugurada a Universidade Popular, que contava com grandes nomes do mundo académico. Lecionavam, ali: Fábio Luz, Elísio de Carvalho, Rocha Pombo, entre outros. Em 1908, em Vila Isabel, era fundada por Pedro Matera a Escola Primeiro de Maio, mas tarde transferida para Olaria. Além dessas surgem várias outras, principalmente em Niterói e Petrópolis. As escolas modernas racionais, além de alfabetizar, estimulavam a consciência de classe nos operários. O objetivo era educar o operariado para que deixasse de ser submisso e se organizasse para a verdadeira "Revolução Social".

No início da década de 20, com a penetração efetiva do Escolanovismo no Brasil, várias reformas educacionais estaduais foram realizadas pelo Bra¬sil afora. A Escola Nova surgia como consequência do vasto movimento de modernização da sociedade brasileira. António Carneiro Leão, Diretor Geral de Instrução Pública, do então Distrito Federal, criaria 20 escolas com nomes de estados brasileiros e 20 outras com nomes de repúblicas americanas entre 1923 e 1926. Dizia ele que num "país de imigração como o Brasil, onde todas as raças se terão de caldear, ao lado da perfeita igualdade entre os filhos de classes diferentes e de povos diversos, deve ser revigorado na escola o espírito de unidade nacional, de congraçamento entre os irmãos do Continente e, afinal, de simpatia e de afeto entre as nações".



OBS: Matéria de Maurício Thomaz de Araújo publicada originalmente na Carta Mensal nº 175 de jan/08, órgão da ACARJ - Associação de Cartofilia do Rio de Janeiro, editada à época por Samuel Gorberg.
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