
FONTE:
Eurico Santos, "Pássaros do Brasil" 2/e, Ed. F. Briguiet,
Rio, 1948, p.49
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A
VIDA DOS PÁSSAROS
Os
pássaros, pela diversidade de predileções alimentares,
garantem o extermínio das mais variadas espécies de insetos.
As
formigas, muito especialmente as gorduchas das içás e as
taçuíras, os cupins, mormente as aleluias enxameantes, as
lagartas, que serão futuras borboletas, essas e as mariposas suas
parentas, a mosca doméstica, a mosca de cocheira, a das frutas,
a varejeira, a berneira, as mutucas sanguissedentas, os mosquitos hematófagos,
pequeníssimos vampiros que nos sugam o sangue e inoculam germes
perniciosos, os gafanhotos assoladores, os coleópteros em milhares
de espécies e cujas larvas em grande parte cavam galerias no cerne
vivo das árvores, esfuracam as sementes, inutilizando toneladas
de grãos alimentícios, os pulgões das plantas, os
quais se reproduzem em miríades de indivíduos, chupando
os sucos vegetais, matando as plantas, os percevejos do mato, todos os
insetos, enfim, encontram, entre os pássaros, apreciadores insaciáveis.
Até
os próprios pássaros granívoros, que durante a roda
do ano não pegam um só inseto, entregam-se, na época
da alimentação dos filhotes, a tal caça.
Não nos devemos jamais esquecer que, como dizia Michelet, o homem
não poderá viver sem as aves e que estas viveram e podem
viver perfeitamente sem o homem.
Se não for por
bondade, ao menos por interesse, protejamos as aves e, por mais imbeles
e fracos, protejamos ainda mais particularmente os pássaros.
Eurico
Santos, 1948
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