CARICATURAS
POLITICAS DE ALFREDO CANDIDO
“No Rio de Janeiro
estreei-me no Portugal Moderno e d’ahi por diante, uma caricatura
representou sempre uma ameaça e uma espera; d’uma vez, foram
suspensos tres jornais e eu estive quase a ser também definitivamente
suspenso. Colaborei em quase todas as publicações do Rio
e de S.Paulo, desde a Cidade do Rio de José do Patrocínio
até as capas da primeira fse do Malho. Fui fundador do Teatro,
d’alguns outros como a vida dasrosas de Malherbe,
e da Larva, irreverente e feroz como o ruído d’uma cascavel.”
Foi assim que Alfredo
Cândido (1879-1960), nascido nas “verdes margens do Lima”,
se apresentou aos leitores na sua auto-biografia humorísica, referindo
em especial a estadia no Brasil (Salão dos Humoristas Portugueses>
2. Exposição, Lisboa, 1913).
Para A Editora, Alfredo
Cândido desenhou em 1906 uma série de caricaturas políticas,
na linha dos seus trabalhos. Humor, crítica mordaz, sátira,
traços incisivos da personalidade retratada, simbologia alusiva,
legendagem, caracterizam o universo da caricatura de Alfredo Cândido.
O autor podia gabar-se de os políticos o perseguirem, de o ameaçarem
de prisão, de suspenderem a publicação dos periódicos
onde colaborava. Mas como dizia Andre Brun, “foram os próprios
humoristas que se impuseram com o tempo ao espírito das assembléias
inteligentes” (1913). Cada postal tem por isso uma história
que não cabe na certa apresentação do assunto. Remete-nos
para a história política dos últimos anos da monarquia
constitucional em Portugal, sobretudo desde o rescaldo das Conferências
Democráticas do Casino (1871) e da acção cívica
e cultural dos Vencidos da Vida (ver postal do Marquês de Soveral)
até a crise da monarquia (com o franquismo de João Franco)
e do recrudescimento da actividade política do Partido Republicano
Português, fundado em 1875. (Marcelo del Cima)
POLITICAL CARTOONS BY ALFREDO CANDIDO
“I
started my career in Rio de Janeiro at the Portugal Moderno, and from
them on a cartoon always represented a threat and na expectation; once
three newspapers were suspended and I was also at risk of being permanently
suspended. I contributed to almost every publication in Rio and São
Paulo, from José do Patrocínio’s A Cidade do Rio de
Janeiro to the front pages of O Matho’s first phase. I was the founder
of O Teatro, and other publications such as Malherbe’s Life of the
roses and Larva, which was as irreverent and fierce as the sound of a
rastlesnake.”
That was how Alfredo
Candido (1879-1960), born on the banks of the “Lima”, introduced
himself to his readers in his humorous auto-biography in which he makes
a special reference to his stay in Brazil, (The Salon of Portuguese Cartoonists:
2nd Exposition, Lisbon, 1913).
Alfredo Candido drew,
for A Editora in 1906, a series of political cartoons quite in the vein
of his works. The humour, witty criticism, satire, incisive personality
traits of the person being portrayed, the allusive symbology and captions,
all characterize the cartoon universe of Alfredo Candido.
The author could price
himself of being politically persecuted, of being threatened with prison
and of the threat of suspension of publication of the papers to which
he contributed. Bu as André Brun said: “It was the cartoonists
themselves who won their way with the passing of time upon the spirit
of intelligent assemblies (1913). Each postcard has therefore, a history
that does no fit in the ideal presentation of the subject. Which sends
us back to the political history of the constitutional monarchy in Portugal,
mainly the times since the disillusionment of the Democratic Conference
of Casino (1871) and the civic and cultural actions of the Defeated in
Life (note Marquês de Soveral postcard) until the crisis of the
monarchy (with João Franco’s Franchism) as well as the renewal
of the political activities of the Portuguese Republican Party, which
was founded in 1875.
|