Poesia Brasileira do Século
XIX
Coleção: Paulo Bodmer e Marília Carqueja
Texto: Marília Carqueja Vieira
Luiz Caetano Pereira Guimarães
Júnior
(1845-1898)

O SOMNO DE ANJO
Quando
ella dorme como dorme a estrella
Nos
vapores da timida alvorada,
E
a sua doce fronte extasiada,
Mais
perfeita que um lirio e tão singella,
Tão
serena, tão lucida, tão bella
Como
dos anjos, a cabeça amada,
Repousa
na cambraia perfumada,
Eu
velo absorto o casto somno della.
E
rogo a Deus emquanto a estrella brilha,
Deus
que protege a planta e a flor abscura
E
nos indica do futuro a trilha,
Deus
por quem toda a creação se humilha,
Que
tenha pena dessa creatura,
Desse
botão de flor - que é minha filha.
LUIZ GUIMARÃES
Nasceu no Rio de Janeiro e faleceu em Lisboa.
Formado pela Faculdade de Direito preferiu a carreira de diplomata a de
advogado.
Sua obra, na maior parte parnasiana, vem
resistindo ao tempo por algumas poesias de grande popularidade.
Membro fundador da Academia Brasileira de
Letras escreveu versos e prosas como: Carimbos (1869), Filigranas, Sonetos
e Rimas (Roma 1880), Poemas dos Mortos, Biografia de Carlos Gomes.
(brasilcult)
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