Poesia Brasileira do Século XIX
Coleção: Paulo Bodmer e Marília Carqueja
Texto: Marília Carqueja Vieira


Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918)

VIRGENS MORTAS

      Quando uma virgem morre, uma estrella apparece,
      Nova, no velho engaste azul do firmamento,
      E a alma da que morreu de momento em momento,
      Na luz da que nasceu palpita e resplandece.

      O' vós. que, no silencio e no recolhimento
      Do campo, conversaes a sós quando anoitece,
      Cuidado! - o que dizeis, como um rumor de prece,
      Vae sussurrar no céo, levado pelo vento

      Namorados, que andaes com a bocca transbordando
      De beijos, perturbando o campo socegado
      E o casto coração das flores inflammando,
      - Piedade! ellas veem tudo entre as moitas escuras...
      Piedade esse impudor offende o olhar gelado!
      Das que viveram sós, das que morreram puras!

OLAVO BILAC               


     Poeta parnasiano, um dos mais populares do país. Suas edições de poesia até hoje são publicadas. Filho de médico, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e mais tarde foi estudar Direito em São Paulo, não concluindo nenhum dos dois cursos.
     Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Dedicou-se ao jornalismo e à literatura. Foi atuante em participar da política como abolicionista e republicano. No governo Floriano Peixoto esteve preso na Fortaleza da Laje. Autor do serviço militar obrigatório como instrumento de alfabetização.
     Suas obras compreendem diversas fases: lirismo de seus poemas, exaltado sensualismo e tom épico de algumas de suas obras como por exemplo "O Caçador de Esmeraldas".
     É de sua autoria a letra do Hino à Bandeira. Cultor elegante do soneto, deixou diversas poesias esparsas, tornando-se conhecido como Poeta das Estrelas. (brasilcult)


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