Poesia Brasileira do Século
XIX
Coleção: Paulo Bodmer e Marília Carqueja
Texto: Marília Carqueja Vieira
José Bonifácio de Andrada
e Silva
"O Moço" (1827-1886)

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Teu nome foi um sonho do passado;
Foi
um murmurio eterno em meus ouvidos;
Foi
som de uma harpa que embalou-me a vida;
Foi
um sorriso d'alma entre gemidos!
Teu
nome foi um echo de soluços,
Entre
as minhas canções, entre os meus prantos;
Foi
tudo que eu amei, que eu resumia,
Dores,
prazer, ventura, amor, encantos!
Escrevi-o
nos troncos do arvoredo,
Nas
alvas praias onde bate o mar;
Das
estrellas fiz letras, soletrei-o
Por
noite bella ao morbido luar luar!
Escrevi-o
nos prados verdejantes
Com
as folhas da rosa ou da açucena!
Oh!
quantas vezes n'aza perfumada
Correu
das brisas em manhan serena?!
Mas
na estrella morreu, cahio nos troncos,
Nas
praias se apagou, murchou nas flores;
Só
guardada ficou-me aqui no peito
-
Saudade ou maldição dos teus amores >>.
JOSÉ BONIFÁCIO
Este ilustre poeta era chamado de "O Moço" para diferenciá-lo de seu tio
"O Patriarca da Independência" de nome igual. Nasceu na França e morreu
em São Paulo.
Foi poeta romântico.
Freqüentou a Escola Militar mas bacharelou-se em Direito pela Faculdade
de São Paulo, onde posteriormente foi professor.
Defendeu com ardor todos
os princípios liberais da época como a Abolição dos Escravos, apesar de
ser Ministro do Império.
Obras de sua autoria:
Rosas e Goivos (1848), Discursos Parlamentares.
É também patrono da Academia
Brasileira de Letras. (brasilcult)
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