As gravuras mostram aspectos do Palácio do Catete, hoje Museu da República, quando sede do Governo Federal, a partir de 1897. O palácio, construído pelo Conde de Nova Friburgo, para sua residência, ainda ostenta as estátuas originais, ora substituídas pelas águias. Em detalhe o salão de recepções. (EB)

A VALORIZAÇÃO CARTOFÍLICA

Fernando Campos

         É a ilustração fotográfica do cartão-postal que lhe confere o status de documento visual da memória urbana. A vertiginosa ascensão do postal como meio popular de comunicação ocorre após o ano de 1880. Com a imagem nele gravada se dá o boom da cartofilia: todos que o manuseiam, então, aderem ao prazer que causa o uso da imagem como registro do que se viu. O mundo lhes chega via postal - magistral retângulo ilustrado de papel.
         Estudando as propriedades da gelatina bicromatada, Poitevin descobre um outro processo, simples, de reprodução de imagens: a fotolitografia. Esta matriz permite a impressão da imagem sobre pedra e zinco, o que representa a possibilidade de se ampliar o número de cópias do fotograma ilustrativo. Depois, o off-set firma, definitivamente, a industrialização gráfico-visual do cartão-postal.
         Como observa Belchior, nele foram gravados, "a cidade de outrora, o espírito da sociedade, os ideais de beleza, a guerra e a paz, o povo em seu trabalho, as modas, o transitório e o permanente, a notícia e a história". A criação de Hermann, o idealizador do postal, se torna, como já intuía Leôncio Correa em 1904, um dos mais apreciáveis agentes da civilização humana.
         A fotografia, que promove o êxtase e a nostalgia, é um documento que nos permite resgatar, ainda que fragmentariamente, a aparência, antiga ou perdida, da cidade cosmopolita; do que não resistindo ao impacto do "progresso", foi desfigurado ou demolido; tornou-se ruínas.
         A preservação dessas imagens postais como que reaviva a cidade de outrora e os primórdios da Universidade.

[Fortaleza]  [Riachuelo]  [D. Pedro I]
[Rio Antigo]