"A IMAGINAÇÃO BRASILEIRA"
Franklin de Oliveira
É a luta pela preservação dos bens espirituais do Brasil, desde os monumentos jesuítas de Belém e de Vigia, no extremo-norte, no pórtico da Amazônia, cujos traços de vigorosa originalidade e de sabor regional contraponteiam com o requintado desenho neoclássico dos monumentos religiosos e civis de Belém, levantados sobre o risco de Antônio José Landi: igrejas de Santo Alexandre, Mercês, Carmo e São João Batista, para mencionar apenas as mais eméritas. Os púlpitos de Santo Alexandre, ó arte iluminando o despertar de uma nacionalidade! ó arte que realizas na terra moça, a pátria jovem, o milagre maior! Índios trabalhando sob as ordens do escultor alemão padre Traer, do Tirol, quase sufocam com o frêmito inesperado de sua força brasiliana, a estética austro-germânica: anjos, coroas, volutas, rocailles irradiam da talha miscigenada um poder novo: a imaginação brasileira.
FONTE: Oliveira, F. "Morte da Memória Nacional", Rio, Topbooks, 1967 pág 29 |