Panorama do centro do Rio de Janeiro, destacando-se os fundos da antiga Convenção do Carmo, a rotunda do panorama da cidade, de Vitor Meireles, a Praça 15 de Novembro com o outrora Paço Imperial e ao fundo a Ilha das Cobras. Abaixo dos papagaios, o encouraçado "Riachuelo", em sua primeira versão. (EB)

O NASCIMENTO DAS UNIVERSIDADES

Paulo Bodmer

         No inicio do século IV aC, acusado de não reconhecer os deuses oficiais, Sócrates (469-399) foi condenado a beber cicuta. O seu mais devotado seguidor Platão (428-347) foi preso e vendido como escravo por Dionísio I, governante de Siracusa. Libertado por Anícero, de Cirene, que pagou o resgate de 30 mil dracmas, uma fortuna, fundou a Academia, onde a Geometria, a Matemática, a Ética, a Lei e a Música eram as principais disciplinas. Seu aluno mais brilhante, Aristóteles (384-322), fundou o Liceu - rival da Academia. Um belo dia ele fugiu da cidade de Atenas onde fora acusado de "impiedade" e condenado à morte à revelia.
         Quando apagaram as luzes da civilização grega as "universidades" mergulharam numa longa escuridão, que durou mais de mil anos. Somente no século XII é que aparece, na Itália, a Universidade de Bolonha (1100), notabilizada por seus estudos jurídicos, seguida pela Universidade de Paris de 1150, importante por seus estudos teológico-filosóficos. No século XIII surgiram as famosas universidades de Oxford (onde teve origem o metodismo - seita anglicana) e de Cambridge (origem do puritanismo - seita protestante) e onde estudaram grandes vultos da humanidade como Bacon, Newton, Byron, Milton, além das Universidades de Salamanca, fundada em 1230 por Afonso IX, onde séculos depois Cristóvão Colombo, perante os reis de Espanha, explicou os seus descobrimentos e o sistema de Copérnico e a de Coimbra, criada pelo rei D. Dinis em 1288, onde estudaram os grandes navegadores que descobriram uma parte do mundo.
         Em 1348 foi fundada por Carlos IV, rei da Boêmia, a Universidade de Praga onde em 1415, pela primeira vez, um reitor, Jan Hus, reformador religioso, foi condenado a morte na fogueira da inquisição. Na Alemanha, a Universidade mais antiga é a de Heidelberg, fundada em 1358 pelo eleitor Ruperto I.
         No século XVI são criadas, na América espanhola, 26 universidades, desde a de São Tomás de Aquino em 1538 em São Domingos, criada através da bula de Paulo III, cujo original foi destruído em 1586 pelo pirata Drake, seguindo-se a de Santiago de La Paz, a de Lima em 1551, a do México em 1553, a da Guatemala, da Colômbia, da Argentina, a de São Jerônimo, em Havana, a de Santa Rosa, em Caracas, a de São Gregório Magno, em Quito. No século XVII é criada a de Santo Ignácio de Loyola, em Córdoba, em 1613 e nos Estados Unidos a de Harvard, em 1637.
         No século XVIII nascem importantes universidades como a de Yale (1701), a de Santiago do Chile em 1743, a de Princeton (1746), a de Columbia em 1754 e a famosa universidade de Berlim (1767), fundada pelo estadista e filólogo alemão Wilhelm Von Humboldt, e marcada pelo humanismo radical.
         No século XIX surgem universidades na Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e também na Ásia - Tóquio, Kyoto, Bombain, Calcutá etc. Aqui também se encaixa a do Canadá e a maioria das Universidades americanas, que tiveram um papel destacado na constituição da grande empresa americana e financiadas por grandes doações, como por exemplo, a de Hopkins (1876), fundada pelo banqueiro John Hopkins, que doou, naquela época, 3 milhões de dólares, uma fábula.
         No século XX nasce a Universidade do Cairo e, por decreto, em 7 de setembro de 1920, a Universidade do Brasil.

Fonte:
1. Vidal,V."Curiosidades", Conquista, Rio, 1964, vol VII, págs. 7 à 10
2. Oliveira, F. "A Semana de Arte Moderna na Contramão da História", Rio, Topbooks, 1993, pág. 24
3. Teixeira, A. "Em busca do Unicórnio", RJ, FUJB, 2000, p.9-10

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